Conceituando saúde integral
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), saúde é o “estado de completo bem-estar físico, mental e social” de um indivíduo.
Este conceito, por si só, já nos remete à ideia de que corpo e mente são unidades indivisíveis. Ou seja, para se ter saúde é necessário estar bem em todos estes aspectos. Não adianta priorizar um aspecto e negligenciar ou “esquecer-se” dos outros. Essa definição é interessante porque rompe com o conceito anterior de que “saúde” é a ausência de “doença”.
Historicamente, pode-se dizer que a ideia de integração entre mente e corpo sempre esteve presente na cultura oriental, a qual se baseia, desde os primórdios, numa concepção de ser humano integrada. Na Índia, há cerca de cinco mil anos, a psicologia já era uma prática comum dentro da medicina, ou seja, essas duas ciências já estavam entrelaçadas.
Para Azambuja (2000), o conceito de integração só pode ser considerado como algo novo em nosso mundo ocidental, o qual ainda parece carregar, muitas vezes, uma visão de homem dissociada e fragmentada.
Hoje, depois de uma longa trajetória de evolução e descobertas, é possível dizer que uma nova medicina está surgindo no contexto ocidental, baseada num ser humano mais unitário e integral, na qual a psicologia tem a oferecer inúmeras contribuições.
O corpo não pode ser visto de forma reducionista, como sendo apenas uma massa fisiológica. Segundo Cardoso Filho (2000), nesta concepção, o corpo ganha um valor de significação e será com essa dimensão de significado que ele funcionará, reagindo às circunstâncias internas (organismos) e externas (sociais). Desta forma, podemos dizer que o homem fala através do corpo, através do sintoma.
Como as emoções afetam o organismo?
A conexão corpo-mente-doença, como vimos, vem sendo investigada há muito tempo. Descobriu-se, por exemplo, que numa situação de estresse, o organismo passa por profundas modificações internas e externas, que vão, desde o aumento da frequência cardíaca e respiratória, pupilas e artérias dilatadas, ao aumento de descarga de adrenalina.
Felizmente, estas alterações duram apenas alguns minutos, em situações pontuais, como num assalto, por exemplo, e fazem parte do mecanismo de defesa das pessoas. Por outro lado, no caso de uma situação crônica de distúrbio emocional, essas reações tendem a se perpetuar, causando inúmeros transtornos ao organismo.
De fato, reconhece-se que vários problemas orgânicos, como úlceras gástricas e intestinais, doenças da pele, diabete e outras até mais graves, ocorrem devido a alterações mentais como o estresse, a depressão, o medo, a ansiedade, a raiva, etc.
São as chamadas doenças psicossomáticas, ou seja, aquelas cujos distúrbios físicos são causados por transtornos psicológicos e sociais.
Além disso, já sabemos que os nossos neurônios produzem substâncias químicas, como a adrenalina, serotonina e dopamina, que regulam o humor e a liberação de alguns hormônios. São os neurotransmissores. Quando liberados no cérebro, dão a sensação de bem-estar e felicidade.
Como cuidar da saúde integral?
Em primeiro lugar, os profissionais de saúde devem tomar como ponto de partida a pessoa e não a doença. Esta atitude enriquece a compreensão do que motiva a pessoa a procurar ajuda. Consequentemente, permite um cuidado que se adapta à diversidade, enquanto dá conta da integralidade de cada pessoa, além de tornar o atendimento mais humanizado.
Os determinantes de saúde, para atender ao princípio da integralidade, devem envolver fatores sociais, culturais, políticos, econômicos, ambientais, comportamentais e biológicos. Reconhecer a influência desses fatores é essencial para planejar ações, tendo em vista a prevenção de doenças e a promoção da saúde.
Quando procurar ajuda profissional?
Como vimos, muitos dos problemas mentais têm causas físicas, e muitos dos físicos têm causas mentais. Sendo assim, torna-se necessário resolvê-los através do autocuidado.
- Procurar ter boa alimentação,
- Realizar atividade física regularmente,
- Conversar com amigos,
- Ter hábitos de sono saudáveis,
- Planejar o lazer, as horas de descanso, etc.,
São comportamentos indispensáveis para a liberação dos hormônios da felicidade.
Por outro lado, se os sintomas se tornarem muito frequentes e numerosos, se os sentimentos negativos estiverem exagerados e persistentes, se sua autoestima estiver baixa, você deve procurar a ajuda de um profissional de saúde mental. Ele irá ajudá-lo a enfrentar as dificuldades e, se for necessário, fará os encaminhamentos necessários.
Fonte: psicologiaviva